A psicanálise é um método de atendimento clinico que consiste na transferência do analisando ao analista, através da livre associação, visando descobrir processos inconscientes do sujeito. A transferência é a atualização do inconsciente para o analista, isto é, transferir a ele todo e qualquer conteúdo já falado, experenciado ou fantasiado com alguém ou alguma coisa.
Costumo explicar que a psicanálise fora descoberta pela boca de uma mulher, mais precisamente, Berta Pappenheim (1859-1936) em análise até então com Josef Breuer (1842-1925). Nessa cena, a analisanda cunha a expressão “Talking cure” (cura pela fala) e indica ao analista o segredo para a diminuição dos sintomas no ser humano: falar livremente.
Sigmund Freud (1856-1939) capta tal mensagem de Anna O (como ficou conhecida) e passa a insistir que seu paciente lhe dissesse tudo que lhe ocorresse à mente, a despeito de quão irrelevante ou potencialmente embaraçosa a ideia pudesse lhe parecer. Com a perda do medo das palavras, ele percebe que o inconsciente se manifesta através da linguagem.
Com a morte do Pai da psicanálise, coube ao psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981) dar continuidade a investigação do sofrimento humano pelo prisma do inconsciente, e ele o fez com excelência. Lacan revoluciona a psicanálise, e a enriquece com a antropologia histórica de Claude Lévi-Strauss (1908-2009), a filosofia alemã de Hegel (1770-1831) e Heidegger (1889-1976) e a linguística dos mestres Ferdinand de Saussure (1857-1913) e Roman Jakobson (1896-1982), entre outros.
Com isso, atualmente, nos encontramos historicamente em uma era “pós lacaniana”, em que tradição e modernidade dialetizam as formulações teóricas novas, com os desafios que a clínica contemporânea nos oferece, tais como: a transexualidade, a perversão na mulher, a obsessão feminina, a histeria no homem e as novas formas de psicose.
A despeito de todas as informações históricas importantes descritas acima, finalizo com uma leitura mais simples e direta do que é psicanálise: é uma prática clínica que te faz morrer menos idiota.
Psicanálise Acessível e Criteriosa
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